4 Ângulos para Enxergar o Uso das Tecnologias na Educação

4 Ângulos para Enxergar o Uso das Tecnologias na Educação

Há 4 anos tenho me debruçado em pesquisas e testes de aplicação de ferramentas tecnológicas em práticas de ensino e aprendizagem, na busca de compreender como elas podem dar um novo sentido à experiência do  aluno estar em sala de aula aprendendo algo comigo, uma professora.

Apesar do conceito de sala de aula ter mudado de uns tempos pra cá, com o surgimento do EAD, metodologias inovadoras, como Sala de Aula Invertida, Aprendizagem Baseada em Problemas e Projetos, dentre outros,  o professor, aquele que baliza a linha de raciocínio, que mostra o caminho, sempre existirá.

Entretanto, a forma do professor conduzir o processo, é que está pedindo mudanças, considerando principalmente o surgimento das diversas tecnologias (principalmente a internet) que estão disponíveis aos alunos e que eles utilizam no seu dia a dia. Eu falo da realidade do Ensino Superior, que é minha área de atuação no ensino, e que grande parte dos alunos são trabalhadores e pais de família, com facilidades à estes acessos, mas certamente é também a realidade de muitas crianças e jovens.

Pesquisas do Centro de Estudos em Tecnologias da Informação e Comunicação (CETIC) apontam que em 2018, 71% de alunos em todo o Brasil acessam a internet mais de uma vez por dia; e 84% dos alunos tem o celular como principal ferramenta de acesso.

Diante dessa realidade, penso que os sistemas de ensino e educadores em geral, precisam  cada vez mais ver a tecnologia como aliada nos processos educacionais, logicamente sem perder a verdadeira essência do ensino, que é inspirar, estimular competências e habilidades, preparar o caminho para se caminhar com segurança, e muitos outros mais. 

Estudando e testando métodos e aplicações em sala de aula, identifiquei quatro ângulos de se enxergar a Tecnologia no Processo de Ensino e Aprendizagem e que me ajudam a criar experiências engajadoras em minhas práticas de ensino. São eles:

1) Ferramentas Tecnológicas como auxílio à Organização e Produtividade do Professor

Aprendi com minha mãe, que organização faz parte do sucesso. Assim, desde que me entendo por pessoa adulta, cheia de tarefas e responsabilidades, busco formas de me organizar, com o objetivo de descarregar as informações da minha mente para ter uma rotina mais saudável e menos ansiosa, e apesar de nem sempre ser possível, sinto bons resultados.

Quando entrei na docência, aí sim, vi essa necessidade mais presente ainda. E já que existe tantas ferramentas disponíveis que dão esse suporte, por que não utilizar? Você concorda que o trabalho de professor é o tipo de trabalho, que o que dá menos trabalho é a execução do Ofício, na sala de aula? O que requer mais tempo nessa atividade de professor é a organização, o planejamento, a pesquisa, análise de avaliações dentre outros. Tudo isso acontece em momentos extras que não são em sala de aula.

E e o mais intrigante: na maioria dos casos, essas atividades não são remuneradas. Então, acredito que otimizar esses processos favorece a produtividade, que compreende a gestão do tempo, eventos e compromissos escolares, arquivos, tarefas diárias dentre inúmeras outras. 

Com tudo isso organizado, o processo de ensino com os alunos se torna muito mais produtivo e engajador, sem contar que o aluno percebe tudo na gente, inclusive o nível de desorganização e preocupação que levamos para a sala de aula.

Coloco esse ângulo como o primeiro, pois vejo que tudo começa pelo exemplo, então não tem sentido eu falar de tecnologia para meu aluno ou propor atividades utilizando tais ferramentas, se eu não faço meu dever de casa, e não tenho exemplos para atestar tudo isso. 

Ainda, nesse ângulo, aproveito e lembro aqui da série de postagens que fiz sobre ferramentas tecnológicas de organização para professores. Clique aqui para ler os artigos. 

2) Tecnologias como apoio para o Letramento digital.

Eu enquanto aluna, sempre fui tradicional, a ponto de não confiar em pesquisas da internet, detestar o marketing digital, dentre outras coisas do mundo tecnológico. Mas ao iniciar a Especialização em Tecnologias da Informação e Comunicação, tudo se ampliou e comecei a perceber que a tecnologia podia ser favorável em tudo o que eu fosse realizar.

Então, trabalhar esse tema com o aluno, no sentido que ele compreenda que a tecnologia pode ser aliada em seu processo de aprendizagem e sentir as potencialidade de tais recursos, é uma grande sacada nessa necessidade do letramento digital. 

Voltando às pesquisas, CETIC aponta que o que predomina no uso da internet por crianças e jovens é o acesso de entretenimento, e ainda 75% destes, utilizam o celular sem a supervisão dos pais. Com esse dado, reflito que práticas que promovam o letramento digital podem melhorar essas estatísticas, principalmente no sentido de que, os alunos terem exemplos e vivências com outras coisas que se pode fazer nas redes além de se entreter, mas também produzir, viver experiências que contribuam com o seu crescimento pessoal. 

Além disso, proporcionar momentos para esclarecer as melhores formas de fazer uma pesquisa na internet, comparar fontes de informações e ensinar a eleger os melhores resultados na web, considero como práticas importantes para trabalhar com os alunos utilizando tecnologias.

3) A Realidade Tecnológica como estímulo do Desenvolvimento das Habilidades do Futuro

Falar aos alunos que estamos na era da informação, na era da tecnologia já é um clichê que ouvimos e falamos constantemente. Agora, os reflexos que tudo isso pode trazer para a vida, para as relações de trabalho, educação, saúde, dentre outros assuntos que permeiam a sociedade, é que é preciso refletir e linkar nas práticas de ensino.

 Sempre reflito e insiro em meus planejamentos: quais são as habilidades que meu aluno precisa ter, baseado em toda essa evolução tecnológica e mudanças que o mundo educacional e profissional está exigindo? 

E ainda, quais habilidades o meu aluno pode desenvolver utilizando as ferramentas tecnológicas que proponho? 

Trazendo para a realidade do ensino superior, como eu posso mostrar ao meu aluno que os profissionais do mercado que ele escolheu, estão sendo substituídos pela inteligência artificial, mas como solução ele pode desenvolver habilidades que o robô não desenvolve, e utilizar a tecnologia a seu favor?

 É praticamente impossível fazer isso sem viver na prática esse mundo. É preciso criar experiências para fazer o link entre toda essa realidade e o desenvolvimento dessas habilidades. Empatia, colaboratividade, inteligência emocional, negociação são as chamadas soft skills, habilidades interpessoais  e que a máquina não consegue ter. Assim, criar atividades utilizando tecnologia e ao mesmo tempo  fortalecendo esse vínculo humano entre os alunos vejo como uma máxima da utilização das TICS Educacionais. 

4) Tecnologia como suporte de metodologias inovadoras/ativas de ensino.

Muito se tem discutido também sobre o uso das metodologias inovadoras de ensino, voltadas principalmente a participação ativa dos alunos, na visão de que o que constrói o conhecimento são as experiências e processos cognitivos, sendo eles os responsáveis por essa própria construção. Então, porque não utilizar ferramentas tecnológicas para estimular essa construção do conhecimento? Por este ângulo, pode-se aproveitar os recursos que os alunos já utilizam para outras funções, entretenimento e troca de mensagens por exemplo, para assuntos voltados ao currículo escolar. 

O Webquest, um método que estimula a busca de conteúdos na internet de maneira organizada, e coloca o aluno cara a cara com conteúdos digitais em cumprimento de um objetivo definido, a Sala de Aula invertida (em breve um conteúdo sobre esse método), em que o aluno tem acesso ao conteúdo da aula em meio digital, antes mesmo do encontro com o professor e transforma uma aula expositiva em um ambiente de mão na massa e troca de experiências, são exemplos de métodos ativos que, como suporte, precisam dessas tecnologias para acontecer. 

Se identifica com essas visões, professor? E você, como vê tudo isso?


Sobre mim ;) | Website

Sou Gabriela, uma professora apaixonada por tudo que pode ser útil e inovador para o ensino e aprendizagem.Em 2017 criei o blog para compartilhar minhas experiências e hoje por meio dele ajudo outros professores a transformar suas aulas em experiências muito mais engajadoras ;)