KANBAN no ensino: Com usar e engajar alunos com um método ágil simplificado.
O segundo método ágil para utilização no ensino explorado nessa série é o Kanban.
Se você ainda não viu o primeiro artigo dessa série, que exploramos a metodologia ágil SCRUM, clique aqui.
Se já, continue nesta página para explorar mais sobre o KANBAN.
Kanban é um termo Japonês também conhecido como Cartões ou Gestão Visual, é um método que foi desenvolvido no sistema Toyota de produção visando a agilidade nos fluxos do processo de produção industrial. Quando criado, o sistema visava mostrar cartões visuais para comunicar a conclusão de uma fase na produção, para evitar o grande volume de estoque parado pela falta de demanda do mercado.
Passado um tempo o método foi aprimorado por David Anderson, dessa vez orientado pela utilização de quadros visuais para gerir as ações necessárias à gestão de produtos e serviços, na filosofia de que, na produção de qualquer demanda, as tarefas precisam ser puxadas e não empurradas.
Quando uma pessoa, seja em sua organização pessoal, seja, em suas atividades laborais puxa uma tarefa para fazer, significa que em seu gerenciamento surgiu uma “vaga” de tempo e foco para realizar tal tarefa. Isso evita a sobrecarga de trabalho, baixa produtividade, serviços mal acabados etc, que são justamente os perigos de um sistema de produção empurrado.
Quando uma pessoa empurra uma tarefa para frente, provavelmente ela tem outras tarefas na “fila” aguardando um prazo para concluí-las, possivelmente uma outra pessoa aguardando e dependendo da finalização da atividade para dar continuidade na demanda, dentre outras situações.
Isso não quer dizer que no sistema puxado não haja essas mesmas características, mas a abordagem de puxar uma tarefa, no tempo e com o foco necessário e certo, com a possibilidade de visualização em um quadro, do que já foi feito, o que se está fazendo e o que ainda precisa fazer, parece ser muito mais efetiva do que é preciso fazer algo na aflição de passar a tarefa para frente.
Trazendo o contexto para o contexto educacional:
Quais os critérios que o professor utiliza para seguir com os conteúdos de sua matéria?
Geralmente puxamos ou empurramos o conteúdo para a sala de aula? como sabemos que os alunos estão prontos para puxar o próximo conteúdo?
Os alunos visualizam o que já exploraram e aprenderam, o que estão fazendo e o que ainda precisam fazer?
E nós, professores, como acompanhamos a evolução de nossos planos de ensino?
São reflexões que abrem as possibilidades de aplicação do método Kanban no processo de ensino-aprendizagem.
Na prática, o método é basicamente um quadro dividido em colunas, separado por atividades e status de tarefas. As atividades dependem do tipo do trabalho que precisa ser realizado.
Algo bem interessante desse método um pouco diferente do SCRUM, é que é um método bem adaptável à realidade do usuário. Mas basicamente, organiza- se a mecânica nesse formato:
A ideia central do método é listar as tarefas de um projeto, setor ou fase classificando-as em status, representado pelas colunas do quadro: A FAZER, FAZENDO e FEITO. Nesse último, gosto da palavra “pronto” como na imagem.
A mecânica de puxar uma tarefa, é fazer com que cada tarefa, representada pelos post its, avançem e mudem de status à medida que forem realizadas.
O intuito é que, conforme vai abrindo uma “vaga” nas colunas, puxa- se uma nova atividade para fazer ou concluir, como na imagem abaixo:
Agora veja duas formas de aplicar o método no ambiente educacional:
1: FERRAMENTA DE GESTÃO DOS CONTEÚDOS DO PLANO DE ENSINO
Como você costuma acompanhar o cumprimento dos conteúdos de seus planos de ensino? Pessoalmente acho essa tarefa cansativa e chata de fazer, mas precisamos e sempre tem um jeito de fazer não é verdade?
Provavelmente você realiza essa tarefa com planilhas, cronogramas ou até mesmo fazendo aquele checklist básico no plano impresso. Mas a boa notícia é que o Kanban é uma boa opção pra fazer essa tarefa.
COMO FAZER:
Crie um quadro no caderno, lousa, ou nota em algum APP ou ferramenta digital (segue a dica dessa aqui) para cada matéria e transforme os conteúdos, trabalhos, avaliações em conteúdos dos post its, ou em uma lista simples mesmo, e administre nas colunas do KANBAN como na imagem abaixo:
Enxergue os itens “A FAZER”, “FAZENDO” E “PRONTO” como os conteúdos ministrados, tarefas propostas e avaliações realizadas durante o seu semestre letivo.
Uma observação importante é que você pode ter um Kanban para cada disciplina ou fazer um Kanban gigante incluindo sub colunas dentro das colunas centrais. Eu prefiro um quadro para cada matéria, pois considero mais simples para administrar, mas você pode fazer os testes e verificar o que se adapta melhor a você.
2. AUTO AVALIAÇÃO DOS ALUNOS SOBRE OS CONTEÚDOS EXPLORADOS
A autoavaliação é assunto recorrente no contexto das metodologias ativas de ensino para o aluno fazer sua auto avaliação de aprendizagem, mas não é uma tarefa fácil.
Na minha prática docente, observo que geralmente os alunos ainda não veem nem sentem significado em realizar tal tarefa e ainda, não existem tantos instrumentos simplificados pra viabilizar essa atividade. Mas a boa notícia para isso é que o Kanban pode ser sim essa ferramenta simplificada e ágil para se começar estimular a auto aprendizagem.
COMO FAZER:
Na aula de apresentação do plano de ensino, explique a ferramenta e proponha que os alunos façam um Kanban para sua matéria e atualizem- o a cada aula.
O Kanban deles pode simples no caderno ou usando alguma tecnologia.
Para ficar mais legal ainda, faça uma competição com um prêmio ao final do semestre para o Kanban mais criativo.
Estabeleça poucos minutos de cada aula para conversar sobre o andamento dos conteúdos e atividades propostas, e ainda colher feedbacks principalmente sobre as dificuldades encontradas pelos alunos para seguir adiante.
Vale esclarecer que o andamento dos conteúdos é guiado pelo professor, mas a partir do momento em que temos uma ferramenta como essa podemos fazer adaptações no método e ritmo do ensino, no ritmo do ensino e até estabelecer um freio se for necessário para garantir a qualidade da apreensão dos conteúdos estudados pelo aluno.
Na mesma mecânica do “A FAZER”, “FAZENDO” E “FEITO”, podemos adaptar para “A ESTUDAR”, “ESTUDANDO” (na imagem está estudado por erros técnicos -risos-) e “APREENDIDO”.
Agora, como saber se um aluno realmente apreendeu tal conteúdo que ele aponta OK no Kanban?
Para se validar disso, estabeleça critérios de validação, um teste por exemplo. Assim, é possível estabelecer mais um critério de avaliação, além da auto percepção de aprendizagem.
O objetivo dessa postagem foi te apresentar as possibilidades de uso do Kanban no ensino. Uma metodologia ágil de produção industrial e totalmente adaptável a realidade educacional. Segue também como uma proposta inovadora e criativa de avaliação simples e prática estimulando organização, produtividade e significado ni processo de formação.
Espero que tenha se identificado e que possa aplicar e compartilhar.
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Até a próxima 😉